Mercúrio é menos parecido com a Lua do que se acreditava

 
As diferenças químicas entre Mercúrio e a Lua sugerem que suas crostas podem ter evoluído de maneiras completamente diferentes

Até recentemente, as camadas de rocha que formam a crosta planetária de Mercúrio eram consideradas como algo semelhantes àquelas que podem ser observadas na Lua: frias, mortas e repletas dos minerais de alto brilho encontrados nos altiplanos da face visível da Lua.

Mas depois de duas visitas a Mercúrio pela sonda Messenger, o planeta está se parecendo cada vez menos com a Lua e cada vez mais com um corpo praticamente dilacerado por tremores que esmigalharam suas falhas tectônicas, e por surtos de erupções vulcânicas que irromperam em diversos pontos da superfície do planeta - fenômenos que usualmente costumam ser associados aos planetas de maior porte do Sistema Solar. Ao que parece, portanto, Mercúrio pode ser pequeno mas tem comportamento de planeta grande.

"Não se trata de um mundo morto, como em geral se imaginava", disse Thomas Watters, cientista planetário da Smithsonian Institution, em Washington, "mas sim de um planeta que demonstra ter passado por períodos de imensa atividade, a despeito do seu tamanho reduzido".
Os cientistas envolvidos no projeto Messenger descobriram que os episódios de atividade tectônica e vulcânica foram não apenas muito mais comuns do que eles imaginavam mas também muito mais recentes. E as diferenças químicas entre Mercúrio e a Lua sugerem que suas crostas podem ter evoluído de maneiras completamente diferentes.

Watters e outros colegas na equipe da Messenger estão reportando as observações realizadas pela sonda da Agência Espacial Americana (Nasa) em uma série de estudos publicados pela revista Science. Depois de uma terceira passagem pelo planeta, em setembro, a Messenger se estabilizará em órbita polar de Mercúrio a partir de 2011.

Estranha mistura

Existem indícios sólidos, obtidos do estudo de rochas lunares, por exemplo, de que, na Lua, houve no passado remoto um oceano primordial de magma. À medida que essa mistura derretida se resfriava, certos metais, como o feldspato se cristalizaram primeiro e subiram ao topo, formando uma antiga crosta flutuante de revestimento da qual ainda se pode avistar vestígios nos altiplanos lunares, hoje, em dia, em protuberâncias que se destacam das camadas mais baixas, de basalto, que formam os diversos ¿mares¿ das Lua.

Telescópios instalados na Terra e até mesmo os equipamentos da Mariner 10, uma espaçonave que passou por Mercúrio em 1974 e 1975, obtiveram imagens da superfície de Mercúrio que pareciam indicar uma reflexão de luz brilhante como a obtida na Lua. Muitos pesquisadores passaram a presumir, com base nisso, que Mercúrio apresentasse em sua superfície material semelhante ao lunar, rico em feldspato, e que portanto o planeta poderia dispor de um oceano de magma e também de uma camada de crosta flutuante.

A Messenger tem a capacidade de medir o reflexo de maneira mais precisa do que os meios anteriores de observação utilizados, e vem descobrindo que a superfície de Mercúrio é muito mais fosca do que se imaginava anteriormente. Espectrômetros também têm indicado que a superfície do planeta não apresenta presença elevada de feldspato. Isso acontece provavelmente por conta de uma segunda descoberta surpreendente da missão Messenger: a superfície do planeta aparentemente foi recoberta por influxos vulcânicos.
Sob pressão

A Mariner 10, que mapeou cerca de 45% da área de superfície de Mercúrio, revelou alguns traços que indicavam semelhanças com fluxos, mas havia divergências quanto às suas origens "se vulcânicas ou simplesmente resultado de detritos gerados pelo impacto de asteróides contra o planeta. A Messenger, que até o momento já cobriu 90% da superfície de Mercúrio em sua missão de exploração, localizou características vulcânicas e planícies lisas - provavelmente resultantes de recentes fluxos de erupção - em áreas equivalentes a cerca de 40% da superfície total do planeta.

Até mesmo o restante da superfície do planeta tem aparência semelhante à dos fluxos recentes - apenas um pouco mais velha e mais "combalida". Caso uma crosta de flutuação tenha existido em algum momento da história do planeta, ao que parece ela terminou completamente enterrada, diz Brett Denevi, pesquisador de pós-doutorado na Universidade Estadual do Arizona, em Tempe, e co-autor de um dos estudos publicados pela Science.

Para complicar ainda mais a história, porém, existe outra tendência que parece estar emergindo das observações da missão Messenger: devido à presença de rachaduras e falhas que parecem se entrecruzar por toda a sua superfície, Mercúrio aparentemente sofreu esmagamento tectônico intenso ao longo de toda a sua história, e não apenas no período inicial.

A teoria convencional quanto a isso, depois da missão Marine 10, era a de que Mercúrio se havia encolhido quando de seu processo inicial de resfriamento, o que teria resultado em características tectônicas contrativas, tais como falhas de empuxo - rupturas na crosta. Mas as provas de vulcanismo recente tornam essa teoria da contração menos provável, porque a contração tende a fechar falhas e rachaduras, a selar respiradouros e fendas, e isso tudo dificulta a operação dos vulcões. "Talvez a observação signifique que a contração aconteceu, mas não cedo o bastante para prevenir a atividade vulcânica", explica Denevi.

Tradução: Paulo Migliacci
Nature

Fonte: http://noticias.terra.com.br/ciencia/interna/0,,OI3773679-EI238,00-Mercurio+e+menos+parecido+com+a+Lua+do+que+se+acreditava.html



Mauro de Rezende
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